Blogia

A FÁBRICA

fragmento e-mail do Mário

O próximo dia 25 de Junho, sábado, participarei, juntamente com Carlos Solla,
num recital poético, organizado polos amigos Joseph Ganime e Alberto Naya,
no Local Social Atreu, sito na Rua S. José da Crunha. O acto começará por
volta das 20:30 horas

CADEA HUMANA

E-mail de Martin Pawley
Non podemos quedar de brazos cruzados, non nos poden roubar a
primavera. As dúas patas nas que se vai asentar o país novo, precisan
collerse das mans e deixar estes días de impas. Somos moit@s @s
galeg@s que temos cousas que dicir nesta nova etapa. Non hai tempo
para o pesimismo, a primaveira non pode esperar máis, queremos
manifestar a nosa vontade de cambio.

Partindo do Blogmillo (comunidade de blogueiros de Galiza) andamos
organizando unha cadea humana en Compostela para o vindeiro domingo
26. Unha cadea composta por elos da cidadanía que unirán as estatuas
de Castelao (na alameda) e a de Pablo Iglesias (en San Caetano) como
símbolo desa nova Galiza.

En nome do futuro, quedaremos no parque da alameda de Santiago ás 13 horas.

Máis información en http://cadeahumana.blogsome.com/

GAÑAMOS NÓS!!!

Canção da noite de São João

Da minha procura em forma de livro, resgato um novo texto da diáspora, conhecido como "O casamento do enfeitiçado" ou "Canção da noite de São João".

Vêm aqui escuitar a música
os hinos fortes e tristes
que iluminam o temor
e as noites do espírito.

Vêm ouvir as melodias que
encantam os dedos, como cigarros
e fumo, envoltos numa
transitória, delicada dança.

Ouvir histórias que alimentem
armários vazios, rapsódias
para a felicidade das tumbas.

Porque esse é o destino da pele,
converter-se no palácio dos vermes
em breve.

Ao mesmo tempo, este, nosso momento,
de sombra e música, é único,
porque podemos
aprendemos como voar e cantar
e crescer altos e definitivos sobre o lume.

Vimos aqui bailar e aprender
uma nova voz cantada
que não ensina nada
que não dura
que morre e em cada gesto
permanece, sístole e
diástole do amor, metáfora
do entendimento.

Vimos aqui cantar a nossa morte
Cantar, após a morte, a nossa vida.

O MATRIMONIO ENTRE PERSOAS DO MESMO SEXO E A PRENSA

Moléstame enormemente que, expresadas as opinións dun grupo de “expertos” sobre o asunto, os medios de comunicación dean prioridade ás posturas máis reaccionarias, intereseiras e anticientíficas aínda que sexa para botar abaixo a pose centrista e progresista do PP. Moléstame porque non podo evitar, sentíndome tan a favor da equiparación de dereitos de todos os individuos como á marxe de que cadaquén foda con quen lle apetecer, que o que máis resoe na miña cabeza sexa que hai “expertos” que opinan que os contornos familiares formados por persoas do mesmo sexo son focos de perversión.
Por certo, grande fortuna a da nena de Ferrol, tiña pai e nai!

Proposta de enlaces

Proponho considerar como enlaces estes provedores de luz e palavras:

www.nescritas.nletras.com
www.astormentas.com

Que vos parece?

O pássaro solitário e a debandada ibérica (e II)

"Assim, na visão de Goytisolo, o século XVI assistiu à ruptura de uma tradição de diálogo intercultural. Um diálogo que havia dado à Espanha lugar privilegiado no panorama europeu. Basta pensar na escola medieval de tradutores de Toledo. Lá colaboraram estudiosos árabes, judeus e cristãos, graças ao impulso do rei Afonso, o Sábio. Mas a expulsão de fins do século XV e a censura político-religiosa do século XVI arruinaram esse diálogo. E contribuir para reatá-lo tem sido o intuito primordial de Juan Goytisolo.
(…) Há, portanto, um San Juan de la Cruz silenciado, e testemunha de vozes silenciadas. É este San Juan que Goytisolo vem resgatar. E, concretamente, o autor de um texto perdido, Propiedades del Pájaro Solitario. Não chegou até nós esse escrito sanjuanista. Desapareceu talvez depois da morte de Teresa, no tempo das perseguições. Sabemos que alguns amigos que conservavam escritos de San Juan de la Cruz tiveram de queimá-los para proteger o poeta. Uma testemunha nos fala da perda de um opúsculo, um tratadillo, como dizia. Seu título era precisamente Propiedades del pájaro solitario."

O resto deste texto, que para quem achou interessante o extractado há-de resultar bem mais interessante podereis encontrá-lo premindo aqui. Um abraço.

CHISTE DE GALEGOS

O pássaro solitário e a debandada ibérica (I)

Em referência ao comentário de Alfredo sobre a reorientação, ainda que também à pergunta de Táti sobre o que é que nos une, e respondendo até uma velha questão sobre o que deu origem ao nascimento daquilo que fomos. Extractos deste curioso texto de Mª de la Concepción Piñero, Universidade de São Paulo: Metamorfoses Literárias de um Pájaro Solitario.

"Estas reflexões partem do tema da tradição literária e de sua ruptura. Mais precisamente, do caso de uma obra literária que tem a ruptura como ponto de partida. Trata-se de um romance espanhol de nossos dias que quer preencher uma dupla interrupção: reatar uma tradição de diálogo cultural, rompida desde o século XVI, e devolver um texto destruído que se havia inspirado nesse diálogo. Assim, o foco desta exposição será o processo mesmo de devolução da obra perdida.
É inusitada a proposta deste romance. Pretende devolver à Literatura Espanhola um texto destruído no século XVI. Mais ainda: pretende reatar o diálogo do texto destruído com as culturas árabe e judaica, que o inspiraram. Por isso tudo, este romance permite uma reflexão sobre alguns aspectos da cultura da Idade Média e do Renascimento. E permite fazer essa reflexão a partir de um dos maiores escritores de nossos dias. Falo do romancista catalão Juan Goytisolo.
(…) Ainda em 1969, o então jovem escritor, que não havia chegado aos quarenta anos, publicava um importante ensaio, España y los españoles. Suas páginas falavam da urgência de preencher as lacunas abertas na cultura espanhola pela perda de energias fundamentais de sua vida intelectual. E apontava para as culturas orientais, que até o final da Idade Média haviam estado presentes na Península Ibérica. E que haviam fecundado algumas das obras-primas da Literatura Espanhola.
De fato, é na herança judaica, como experiência de exílio, que Goytisolo vai buscar o sentido de solidão e de inquietação da narrativa de Cervantes ou da lírica de Luis de León. E é na afetividade da lírica dos místicos muçulmanos, os sufistas, que o escritor encontra a chave de algumas obras-primas intensamente sensuais. Mas já nas primeiras décadas do século XVI a censura suprimia tais manifestações. Tanto que algumas dessas obras tiveram de ser publicadas fora da Espanha, como La Lozana Andaluza."

QUEN FOI Nº 1

"Tenemos que seguir como vamos yendo."
A solución: en 48 horas aproximadamente
Pista: non é Paco Vázquez

FÁBRICA Nº 1
Fábrica de humo de Maximino Javier (México, 1950-)

EXTRACTO Nº 1:

Paul Auster dixo aló polo 98, isto é antes do atentado das Torres Xémeas: "Actualmente, a concentración dos medios de comunicación nos Estados Unidos é tal que teñen poder suficiente para desviar a atención da xente -¿voluntariamente?, aí está a cuestión- cara a temas sen importancia. Desde hai varios anos, unha sucesión de escándalos dominando sistematicamente a atención dun país tan escindido e fragmentado que xa non se pode falar nin de historia nin de narración común. De feito, eses escándalos acaban sendo a única narración capaz de agrupar o país. Xa non existen puntos comúns, senón unha participación común nunha empresa de descerebramento, e o xuízo de O. J. Simpson constitúe o triste apoxeo desta engranaxe infernal."

REALISMO SUCIO

A Sandra e Miguel.

O poema,
Copo de sangue branco
Vertendo-se nos teus lábios
Como o fogo invisível
Do veneno final,
Anda à tua procura,
Dentro,
No lugar inabitado
Que nunca reconheces teu,
Sempre o maior inimigo
Da tua rendição.

Poema

A Isabel.

Caminho já longe
Da casa queimada por mim:
Só salvei dela um mapa em branco
Com indicações muito precisas
Para desenvolver-me polas cidades
Que se alçam ao fundo deste espelho dormido
Em que estás a ler agora.

Deixo cair
As minhas propriedades na rua,
Expostas à inquietação dos transeuntes:
Eles não compreendem a deriva dos meus passos,
Persistem em construir casas onde sentir
A lenta dissipação das suas vidas como um prémio.

Eu, porém,
Matei todas as raízes escuras
Que assombravam a minha morte:
Conheço a alta árvore do amor, o seu
Fruto certo em que ardo e pervago livre;
E assim permaneço nesta transformação
Do meu corpo em aprendiz do nada mais pleno.

Sefer Sefarad (as canções da diáspora)

II. Canção


Dançar com os intérpretes
da melodia do mundo,
os que dão à luz um universo de encontros
e inauguram, intactos,
um Sol novo
e uma Lua nova,
dançarinos nas sombras.

Um barco de algazarras atravessa o perfil
e inicia a luz de um dia
a luz, a que plantou
as velhas oliveiras,
calcanhares surdos
da nossa promessa.

O meu lugar é aqui,
em toda a parte,
onde cantar,
e devotar-me a um exercício milagroso
de encantamento e penumbra.

Quem me dera voar na vertigem
das selvas da nossa própria carne
e vestir-me de negro e esmeraldas
arrumando a velocidade do corpo
para um universo novo de rum e especiarias

invisível através de ti.

PROVEDOR Nº 2: AUGUST KLEINZHALER

THE STRANGE HOURS TRAVELERS KEEP

The markets never rest
Always they are somewhere in agitation
Pork bellies, titanium, winter wheat
Electromagnetic ether peppered with photons
Treasure spewing from Unisys A-15J mainframes
Across the firmament
Soundlessly among the thunderheads and passenger jets
As they make their nightlong journeys
Across the oceans and steppes
Nebulae, incandescent frog spawn of information
Trembling in the claw of Scorpio
Not an instant, then shooting away
Like an enormous cloud of starlings
Garbage scows move slowly down the estuary
The lights of the airport pulse in morning darkness
Food trucks, propane, tortured hearts
The reticent epistemologist parks
Gets out, checks the curb, reparks
Thunder of jets
Peristalsis of great capitals
How pretty in her tartan scarf
Her ruminative frown
Ambiguity and Reason
Locked in a slow, ferocious tango
Of if not, why not

(August Kleinzahler published his first book of poetry, A Calendar of Airs, in 1978. Since then, he has published six others, including Storm over Hackensack (1985); Earthquake Weather (1989); Red Sauce Whiskey and Snow (1995); and Green Sees Things in Waves (1998). In 2000, Farrar, Straus & Giroux published Live from the Hong Kong Nile Club: Poems 1975-1990. His poems have appeared in numerous publications including The New Yorker, The American Poetry Review, Poetry, Harper’s Magazine, Grand Street, The Threepenny Review, and The Paris Review. A native of Jersey City, Kleinzahler is the recipient of awards from the John Simon Guggenheim Foundation (1989), the Lila Acheson-Reader’s Digest Award for Poetry (1991), and an Academy Award in Literature from the American Academy of Arts and Letters (1996). In 2000 he was awarded a Berlin Prize Fellowship. His latest book, a collection of meditations entitled Cutty, One Rock: Low Characters and Strange Places, Gently Explained, was published in November, 2004 to considerable critical acclaim.
Kleinzahler has been a taxi driver, a locksmith, a logger, and a building manager. He has taught creative writing courses at Brown University, the University of California at Berkeley, and the Iowa Writers' Workshop, as well as to homeless veterans in the Bay Area. He lives in San Francisco.)

O que está a acontecer?

Dia das Letras Galegas: os irmáns do Norte
«No próximo 17 de Maio comemora-se o Dia das Letras Galegas. Por todas as razões, a Galiza está tão próxima de nós como os países e povos de língua portuguesa que estão mais próximos. E, como já em outra oportunidade se assinalou, gostariamos de lhe poder dar muito mais atenção e espaço. Assinalando aquela data, publicamos o texto que um dos mais destacados vultos da cultura da Galiza de hoje, Víctor F. Freixanes, escritor, editor e membro do Conselho da Cultura Galego, escreveu para o JL, e que de certo modo dá uma expressiva panorâmica, e faz um balanço, da sua literatura e de parte das suas artes. E publicámo-lo no original, pois nos pareceu desnecessário, e porventura inadecuado, “traduzi-lo” para português, o que só por si é significativo. Damos ainda a lume uma peça em que se dá notícia de algumas das edições recentes, entre nós, de livros de autores galegos».

Jornal de letras, artes e ideias, 11 de Maio de 2005.

Galegos em português
«A qualidade intrínseca das obras e a proximidade histórica, geográfica e cultural são aspectos que têm determinado a tradução e publicação de autores galegos em Portugal, como salientam os editores contactados pelo JL, apesar de a língua galega, que partilha com o português a mesma raiz linguística —o galaico-português— levantar alguns obstáculos.
[...] A Deriva é uma das editoras que, actualmente, publica mais escritores galegos. A sua filosofia editorial procura, de resto, divulgar “culturas e literaturas minoritárias”, como explica António Luís Catarino. O facto da Galiza ser “culturalmente vizinha” do Porto, onde a Deriva tem sede, é outro dos factores determinantes, reforça o editor. Não é, contudo, uma tarefa fácil. Por um lado, “o mercado está virado para os bestsellers e para a cultura anglo-saxónica, pelo que a Literatura Galega, ainda que de grande qualidade, não tem a projecção mediática que merece”. E por outro, “o Galego é uma língua falsa, pelo que se tem de ter muito cuidado com os tempos verbais e as expressões idiomáticas, até porque as duas línguas tiveram muito tempo separadas”, explica.»

Jornal de letras, artes e ideias, 11 de Maio de 2005.

Unha escritora galega
«A lingua de Nélida [Piñón] é a mesma que floreceu en Portugal, na Galicia do sur, e cruzou despois o océano. A mesma (con algunhas variantes) de varios miles de emigrantes anónimos que, cos seus pequenos fardos domésticos e a maleta chea de soños, abandonaron un día as aldeas de Cotobade, o Ribeiro [...] e buscaron alén do mar a vida que aquí lles faltaba...

La Voz de Galicia, Culturas, 16 de Abril de 2005.

Dias de vinho e rosas, epílogo, para Mário

Parabéns pola derrota, Ethan, buscador, che envio das montanhas onde trabalhava Josie antes da guerra civil, com a intenção de que esta língua lá faga um sentido para TI: sobretudo quando a guerra já passou por Josie Wales e por Ethan Edwards e ainda há cinzas quentes.

Não sei a que te referes com a palavra poesia tu, ó buscador furtivo, mas gostaria de sabê-lo ou, melhor, de prová-lo, e deixarmo-nos no possível de categorizações. Aproveito o ensejo para dar as graças a todos os que me derom emprego como "poeta" , "reintegracionista", "libertário" ,"crente" ou o que fosse. Obrigado a mim mesmo, que também me categorizei, devo enfim agradecer estes nomes tão lindos, tão sonoros e que me fazem viver na ilusão de que eu sou algo em sociedade, tão necessitado como estava de encontrar um lugar em este mundo. Mas infelizmente é em vão, porque eu mesmo não o creio, e confesso não ser essencialmente nada disso, assuntos que sinto em suma como paixões e claridades parciais, estando de facto com freqüência de maneiras aparentemente opostas (e darei tantos erros) com a intenção de obter o melhor resultado para mim (e os meus) ante cada tempo, gente e lugar: de maneira mesquinha em troca de criadora, ao modo de um oficialista de facto (ou teórico), como um patriota espanhol ad usum ou como um ateu moderno, adorador dos ídolos quotidianos. Falo a sério, Mário, porque não adopto muito a sério nenguma destas posições, valem-me enquanto me valerem. Aparece porventura aí a tua percepção de incoerência ou confusão, que também se explica porque eu como todos ando a dar paus de cego, sobretudo quando bebo. Eu não quero tampouco a poesia, vês? por cima de tudo. Uso-a com um fim mui determinado (ainda que esse fim me determine a mim). Devo ser mais explícito?

Creio que o Ramiro, de todas as maneiras, exprimiu melhor o cerne deste assunto, a relatividade dos códigos, das línguas, ao falar indistintamente do Nada, da Vida, de Deus. Bento Spinoza com o seu Deus sive natura ou aqueles que dim que não há nengum deus, salvo o absolutamente real (a profissão de fé islâmica, oh escândalo de materialistas e crédulos e integristas vários) também trazem claridade para nossa vida.

Se continuar sem fazer sentido para ti, está longe isso da minha intenção e prometo tentar ainda, com vinho de permeio, embora por vezes me resulte difícil sinceramente dizer cousas que pertencem a certa inefabilidade felizmente real.

Um abraço.

Mutatis mutandis

Relembrava com o Alfredo a ocasião em que o meu professor de Direito Político, Ramón Máiz, autor de uma interessante tese sobre a política e a cultura dos últimos 150 anos na Galiza, dizia que o galeguismo é um movimento que se caracteriza polo fracasso e a descontinuidade. Mais interessado polo significado da observação do que pola identificação com aquele movimento, eu saudei com alegria esta proposta de Táti de construir uma ágora onde a gente, nomeadamente a vinculada ao que primeiramente se chamou A Fábrica, logo Hedral e finalmente Companhia Poética da Meia-Noite, onde a gente -dizia- se encontrasse e reconhecesse.

Passou tempo, estes últimos anos, e os nossos condicionantes e estilos nos pintarom caras diferentes, línguas diferentes, ritos e emoções a leste e oeste. Por isso pido licença para perguntar ao Mário, a raiz da conversa com Ramiro, sobre o território do cavalo alado do Alfredo, por que é que acha que digo cousas estranhas. Devo adiantar que sinto que esta frase implica que o Mário escuita com consideração (isso e muita virtude mais não me surpreendem nele) e que, alternativamente:

A) Digo cousas que não fazem sentido em absoluto (e ficaria a saber).
B) Digo cousas que não parecem fazer sentido relativamente ao nosso condicionamento (e então sei, mas não me apercebia de estar a resultar tão confuso, sinceramente).

Mas como dixerom outros antes do meu professor, a gente muda e viaja e é bom manter o contacto. Então, se a hipótese ajeitada for a B) talvez podamos falar e viajar, querido Mário, sobre essa confusão de que me falas, sobre a incertidão do território fundacional do poético de que fala Ramiro, de que canta Alfredo.

Um abraço.

PROVEDOR Nº 1: Roger Colom

¡Bienvenidos!
¡desde el esmaltado bajovientre,
con la vilipendia más afectuosa,
una carcamalada sonrisa gelatinosa
y el disfraz enramalado de la prosa,
les doy a todos esta primordial bienvenida!

¡sean bienvenidos!

¡bienvenidos a gatas entre los escombros de la plenitud,
del virtuosismo embarazado a escupitajos!
¡bienvenidos al tiroteo,
al gorjeo epistemorónico y la reflexión vegetal!
¡sí, amigos: bienvenidos!

¡bienvenidos todos al bailoteo de las verdades
en el gran salón de las astucias de salón!
¡pasen, pasen!
¡sean todos bienvenidos!

librodenotas
Internacional Melancólica