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A FÁBRICA

Sefer Sefarad (as canções da diáspora)

II. Canção


Dançar com os intérpretes
da melodia do mundo,
os que dão à luz um universo de encontros
e inauguram, intactos,
um Sol novo
e uma Lua nova,
dançarinos nas sombras.

Um barco de algazarras atravessa o perfil
e inicia a luz de um dia
a luz, a que plantou
as velhas oliveiras,
calcanhares surdos
da nossa promessa.

O meu lugar é aqui,
em toda a parte,
onde cantar,
e devotar-me a um exercício milagroso
de encantamento e penumbra.

Quem me dera voar na vertigem
das selvas da nossa própria carne
e vestir-me de negro e esmeraldas
arrumando a velocidade do corpo
para um universo novo de rum e especiarias

invisível através de ti.

5 comentarios

Pedro -

Obrigado a vós, polo coração. Curioso o que dis, Alfredo, em breve publico um extracto do que precisamente estou a ler.

Alfredo Ferreiro -

Gosto do alento de magia oriental, tão inabitual por estas cordenadas. Obrigado pela reorientação.

Táti -

Obrigada por este poema, Pedro. acabo de desfrutar da súa leitura.

Pedro -

Bom, acabo de ler de novo o teu poema, assim que sei que me fala um coração, e como uma honra recebo tuas palavras.

Ramiro -

Parabéns, irmão. Acho que muitos poemas teus nos achegam ao evidente invisível, mas Real. Nesse "exercício milagroso / de encantamento e penumbra" nadamos, à procura do vinho amante oculto em cada verso, nas nossas vidas.