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A FÁBRICA

Mutatis mutandis

Relembrava com o Alfredo a ocasião em que o meu professor de Direito Político, Ramón Máiz, autor de uma interessante tese sobre a política e a cultura dos últimos 150 anos na Galiza, dizia que o galeguismo é um movimento que se caracteriza polo fracasso e a descontinuidade. Mais interessado polo significado da observação do que pola identificação com aquele movimento, eu saudei com alegria esta proposta de Táti de construir uma ágora onde a gente, nomeadamente a vinculada ao que primeiramente se chamou A Fábrica, logo Hedral e finalmente Companhia Poética da Meia-Noite, onde a gente -dizia- se encontrasse e reconhecesse.

Passou tempo, estes últimos anos, e os nossos condicionantes e estilos nos pintarom caras diferentes, línguas diferentes, ritos e emoções a leste e oeste. Por isso pido licença para perguntar ao Mário, a raiz da conversa com Ramiro, sobre o território do cavalo alado do Alfredo, por que é que acha que digo cousas estranhas. Devo adiantar que sinto que esta frase implica que o Mário escuita com consideração (isso e muita virtude mais não me surpreendem nele) e que, alternativamente:

A) Digo cousas que não fazem sentido em absoluto (e ficaria a saber).
B) Digo cousas que não parecem fazer sentido relativamente ao nosso condicionamento (e então sei, mas não me apercebia de estar a resultar tão confuso, sinceramente).

Mas como dixerom outros antes do meu professor, a gente muda e viaja e é bom manter o contacto. Então, se a hipótese ajeitada for a B) talvez podamos falar e viajar, querido Mário, sobre essa confusão de que me falas, sobre a incertidão do território fundacional do poético de que fala Ramiro, de que canta Alfredo.

Um abraço.

2 comentarios

Pedro -

Mário -

Pedro, dizes cousas que não ME fazem sentido. Eu não sou poeta. E já que está o Martin Pawley por aí, direi que eu sempre sonhei com ser como Ethan Edwards [The Searchers, John Ford]: um homem solitário e sentimental, que sabe odiar e amar, e que, sobretudo, sabe renunciar. Eu não sou poeta e já não quero a poesia. Saúde.