Sobre a abertura de novas rotas
Conversando com Táti um dia na sua casa em gananciais com o Alfredo Ferreiro, poetas endemoninhados, e amigos, e amigos de remoer-me por dentro (o qual não é difícil dado o espírito conservador que possuo, bem como ousado), sobre as circunstâncias sociais e culturais galegas e sobre as mudanças normativas e outras interessantes cousas em que estou em parte de acordo com ela (na melhor parte), conversando, dizia, achei algo que apenas agora posso exprimir. Ela deu-me oportunidade de repensar o que -creio- sempre caracterizou este grupo de indivíduos que começou a caminhar há muito tempo como A Fábrica: que nunca houvo acordo em nada salvo na necessária insularidade (sem mesmo necessidade de explicitação) dos seus habitantes. É precisamente isso que nos fijo grupo, que não houvo concórdia nem consenso, mas senso. O rumo fora das peripécias do integrismo marxista, liberal, religioso, nacional e cultural. Longe do reduto do reintegracionismo, do nacionalismo, da literatura de resistência, mesmo, atreveria-me, longe da literatura como epifenómeno. Mas não com o intuito de criar um novo nosso reduto, mas por uma atitude isenta na procura da soberania pessoal e o aperfeiçoamento. De facto essa foi a causa da primeira cisão, e única, e única possível: a conseqüência do primeiro manifesto d'A Fábrica, em que se patenteou a incomodidade espiritual de assumir os princípios que fossem. Assim esta liga autárquica e libertária de autarcas libertários começou a andar sem pedir permisso. Creio que hoje me cabe dizer humildemente que acredito na nossa independência, na nossa virtude e no nosso presente, entanto ilhéus. Miguel Anjo Fernam-Velho dixera há 10 anos "onde estareis de aqui a 10 anos!?" e o assunto é: onde estaremos todos de aqui a 1000? Mais ou menos onde estamos agora, penso eu, se realmente estivermos.
Agora que sei que estou só nisto de mim mesmo, agora que preciso essa fraqueza e essa calma, creio que apenas ficará de mim isto que me move a escrever, toda a realidade e o amor que está aí, à volta e em cada texto, em toda a matéria e a forma que se movem quando escrevo. Afinal isso que fica fui.
Agora que sei que estou só nisto de mim mesmo, agora que preciso essa fraqueza e essa calma, creio que apenas ficará de mim isto que me move a escrever, toda a realidade e o amor que está aí, à volta e em cada texto, em toda a matéria e a forma que se movem quando escrevo. Afinal isso que fica fui.
2 comentarios
Pedro Casteleiro -
Alfredo Ferreiro -