As minhas mãos anos depois
Este repto, o de escrever um poema a começar com um verso proposto, foi lançado há anos, e respondido corajosamente, por todos os poetas que trabalham na fábrica e, há uns dias, relançado ao grande amigo e poeta Ramiro Torres e ao Xavier Vásquez Freire, em cujo blog me deparo com a linha "O tempo não existe". Este é o meu novo As minhas mãos têm a idade do universo, anos depois.
As minhas mãos têm a idade do universo,
e guardam o trigo entre os caminhos velhos
e entre os caminhos novos. Separam o tempo
de cima do que está em baixo, brilham a sós
como as estrelas em março na tua boca.
Nada direi, que elas vos escrevam, inimigos
íntimos, habitantes do dia que não está no calendário,
sobre a esteira quente do vosso nome, calo.
E vós falai, prisioneiras de nada, perfumai com ópio os velhos
locais da palavra, enlouquecei.
Mãos,
habitantes dos meus rios,
elegíacas e loucas,
tenebrosas extractoras
mineiras dos meses.
As minhas mãos têm a idade do universo,
e guardam o trigo entre os caminhos velhos
e entre os caminhos novos. Separam o tempo
de cima do que está em baixo, brilham a sós
como as estrelas em março na tua boca.
Nada direi, que elas vos escrevam, inimigos
íntimos, habitantes do dia que não está no calendário,
sobre a esteira quente do vosso nome, calo.
E vós falai, prisioneiras de nada, perfumai com ópio os velhos
locais da palavra, enlouquecei.
Mãos,
habitantes dos meus rios,
elegíacas e loucas,
tenebrosas extractoras
mineiras dos meses.
1 comentario
Ramiro -
Trabalhando sempre. Em nós e contra nós, se for preciso.